PROJETO 1 X1 – UM TEXTO, UMA IMAGEM

Nº 6 – NOTAS

PROJETO 1 X 1 – UM TEXTO, UMA IMAGEM

Mais um registro de texto e imagem em parceria com o Ghustavo Muniz, com quem tive a felicidade de compartilhar os estudos acadêmicos na Unifesp.

Em tempos esquisitos, é preciso falar da acolhedora recepção que tive quando reingressei na faculdade, com meus 40 anos. Ghustavo, assim como outros colegas, será sempre especial para mim pela sua grandeza diante da vida, mas sobretudo por distribuir empatia.

Aqui, neste trabalho, além de ilustrar, ele contextualizou todo o poema que escrevi. Sua intensidade é vista nesses três momentos, com cores na medida certa!

Além de professor e tradutor de francês, Ghustavo Muniz também é poeta e artista audiovisual.

Para nos contar seu processo criativo, o artista simplesmente nos oferece sutileza e perfeição do texto verbal com o texto não verbal! E quantas referências!

Apreciem… sem moderação!

Espero que gostem, curtam e compartilhem!

A ARTE

Com a palavra, o artista:

“Entre as palavras-poemas, que também são música, eu vi acordes imaginários flutuando.
Aquelas palavras-poemas-musicas, que  também são arte riscadas em papel ou construída de pixels, me guiaram por um caminho, que aqui não sei descrever, sei  sentir.


Pude então, ler, ler mais, reler, gravar, ouvir, repetir o poema, montando assim um quebra-cabeça com cada vislumbre que pude sentir e imaginar, internalizando essas letras colocadas em ordem.

Na tentativa de bem desvendar essas peças-fagulhas de inspiração, fui ao papel. Lá pude resgatar algumas inspirações para entrarem no campo de produção. De primeira, as partituras de Erick Satie correram em sustenido brincalhão, me mostrando assim o substancial desse caminho. Em seguida a linda guarda da edição de 2020 de “O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo”, de Charlie Mackesy, onde as partituras também são utilizadas, ali na forma orgânica das pinceladas.


Outra grande referência, na verdade a primeira, antes mesmo de conhecer o texto da Patricia, foi a arte de Andy Amholst, “Beethoven’s 3D symphony”, onde as partituras de Bethoven arquitetam um prédio. Arrebatador.


Assim comecei a brincar.


Já munido de diferentes pontos de partida e agarrado a uma ideia, parti para a produção:


Papel, Nanquim, água e garfo.
O garfo deu lugar ao sopro.
A água deu lugar ao refrigerante de laranja.
O mesmo papel e o mesmo nanquim.
Foi uma diversão.


Das linhas formadas, parti para os escritos. Posicionei as palavras primeiro como em uma partitura, mas respeitando a vontade delas. Outra brincadeira.


Assim se deu DO, RÉ e MI, ilustrações feitas a partir do poema de Patrícia Villarinho.”

O POEMA

Desta vez não vou colocar o poema aqui, já que ele pode ser lido conforme as ilustrações vão aparecendo.

Fiz esse poema no final do ano de 2021, vai ver que por isso a temática da festa de fim de ano.

Quando estou em festas e bares onde tem música ao vivo, eu sempre observo os músicos e suas performances. Gosto de ver o semblante de felicidade ou de “trabalho em dias razoáveis”. Faz parte para eles também.

E me fiz algumas perguntas: Será que eles curtem as músicas que tocam? Será que eles também reverberam a alegria da música enquanto a plateia vibra e dança? Será que eles têm esperança enquanto trabalha… em pleno despertar do novo ano?

Para construir o poema, trabalhei a dicotomia lazer (a festa) e obrigação (o trabalho), de forma a unir esses dois momentos, só que na perspectiva de quem trabalha.

Apropriei-me das figuras de linguagem e da musicalidade. Assim, as notas musicais se tornaram apenas NOTAS.

Sintam-nas!