PROJETO 1 X1 – UM TEXTO, UMA IMAGEM
Chegando por aqui mais uma imagem com um poema de minha autoria e nosso processo criativo.
Desta vez quem me acompanha é Gisele Gemmi Chiari, artista completa: escritora, contadora de histórias, professora e criadora de impactantes obras de arte trabalhadas no processo de colagem.
Rapunkuel (Editora Paratexto) – seu recente livro infantil – é um reconto moderno do conto de fadas Rapunzel, o qual eu recomendo demais!
Gisele e eu nos conhecemos apenas virtualmente por meio de um curso sobre literatura infantil! Efeitos da pandemia – ela, em Brasília; eu, em Guarulhos, e juntas na tela do computador. Mas o universo da escrita nos aproxima num tanto que parece que estamos no mesmo quintal nos permitindo imaginar e criar.
E isso bastou para essa parceria: uma produção artística com um tema complexo e profundo, mas de necessária reflexão.
Contemplem e se permitam imergir na obra de Gisele Gemmi, inspirada no poema!
Espero que gostem!

A ARTE
Com a palavra, Gisele Gemmni Chiari:
“Leio, releio, depois deixo que o poema se acomode e more dentro de mim como uma história. No começo, ele grita, esperneia, demanda de mim atenção e corpo. Aos poucos, ele se decanta entranhando-se como experiência.
Como essa experiência feita de palavra me afeta? O que ela diz sobre mim? O que ela diz sobre as mulheres? O que ela diz sobre a vida?
Já como parte de mim, o poema me sussurra sobre uma história de mulher, de várias mulheres, eu-mulher. Relata sua luta, dor e solitude em seu processo de cura e desafio de conviver com a sombra de si e do outro. Conta como a onipresente força e coerção masculina, que a aprisiona, a confunde e ilude enquanto forma de remédio contra a solidão. Sento-me diante da folha em branco e já não planejo, deixo-me afetar pela voz do poema e a concretude dos materiais.
Como em um sonho, as sombras, a figura masculina (um satã romântico) envolta em volutas de fogo, o ambiente pequeno e escuro, e a janela como limiar e possibilidade de trespasse emergem, ao mesmo tempo, na cena. Tudo banhado por uma chuva ou lágrimas de vela. Senti a necessidade de usar esse material para expressar esse transcurso doloroso e sagrado da cura. Afinal, inevitavelmente, há, nesse processo, uma vivência de luto para que haja um renascimento. As cores predominantes, preto e vermelho também se coadunam à ideia de morte e renascimento.
(Des)pelem-se de medo, lobos!”

O POEMA
Muitas vezes, na literatura, a figura do lobo é a representação metafórica do medo. Do medo que há internamente em nós e do medo que nos é imposto, que vem de fora para dentro.
A palavra que impulsionou o poema foi, então, Lobo, seguida da palavra mau, como nos contos de fada. Mais uma provocação feita por exercícios de escrita criativa.
Os versos, embora vindo assim inteiramente e num “de repente”, foram gradativamente respostas às perguntas que o próprio processo criativo me trouxe:
- que lobo é esse?
- que medo é esse?
- quais as consequências da presença desse lobo em nós?
- Quais remédios, quais doses?
- Quem cura tudo isso?
- E por que o pronome ela?
Em especial os versos repetidos, “remédios e doses sem cura”, me inquietaram durante toda a escrita. Foi preciso buscar um desfecho: o contra- ataque!
Do título, minha referência musical e uma ponta de esperança!
E aí, gostaram do nosso processo criativo?
Sensacional!!! A Gi é demais, o poema é magnífico e o resultado final é mais do que emocionante. Parabéns meninas!!!
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